
O papel das Unidades Básicas de Saúde na saúde mental
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- A importância das Unidades Básicas de Saúde no SUS
- Saúde mental na Atenção Primária: conceito e prática
- Equipes multiprofissionais: a base do cuidado integral
- Prevenção e promoção da saúde mental nas UBS
- A atuação das UBS junto aos CAPS e à Rede de Atenção Psicossocial
Perspectivas futuras para a saúde mental nas Unidades Básicas de Saúde
A importância das Unidades Básicas de Saúde no SUS
As Unidades Básicas de Saúde (UBS) representam o primeiro contato da população com o sistema público de saúde, sendo fundamentais para garantir o acesso equitativo e contínuo aos cuidados em saúde. Dentro da estrutura do SUS, elas funcionam como o ponto de partida para a organização de toda a rede de atenção, promovendo o cuidado integral, longitudinal e humanizado. Por estarem distribuídas de forma estratégica em territórios urbanos e rurais, as UBS conseguem atender comunidades diversas, proporcionando não apenas o atendimento curativo, mas também ações de prevenção e promoção da saúde.
No contexto da saúde mental, o papel das Unidades Básicas de Saúde se destaca ainda mais, considerando que muitos transtornos psíquicos têm origem ou são agravados por questões sociais, econômicas e familiares. O fato de a UBS estar inserida na comunidade permite que os profissionais acompanhem os usuários de forma mais próxima e constante, o que facilita a identificação precoce de sintomas como ansiedade, depressão, estresse crônico e outros agravos emocionais. Esse vínculo entre equipe de saúde e território é uma das maiores forças da Atenção Primária, tornando-a essencial para o cuidado em saúde mental.
Além disso, as Unidades Básicas de Saúde funcionam como articuladoras de outros níveis de atenção, sendo capazes de coordenar o cuidado dos pacientes de maneira integrada com serviços especializados como CAPS, ambulatórios e hospitais. Ao assumirem esse papel de coordenação, as UBS contribuem para evitar a fragmentação do cuidado, garantindo que o usuário receba acompanhamento contínuo em todas as fases do tratamento. Essa lógica organizacional fortalece o SUS e reforça a UBS como base sólida para uma atenção psicossocial mais eficaz.
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Saúde mental na Atenção Primária: conceito e prática
O cuidado com a saúde mental na Atenção Primária vai além da simples escuta e acolhimento; ele se baseia em uma visão ampliada do indivíduo, que considera suas relações sociais, familiares, culturais e econômicas. As Unidades Básicas de Saúde estão na linha de frente desse cuidado, promovendo ações que não apenas tratam os transtornos mentais, mas que também atuam na prevenção do sofrimento psíquico. Isso inclui o fortalecimento de vínculos sociais, o enfrentamento de estigmas e a promoção do bem-estar emocional.
Na prática, o trabalho com saúde mental nas UBS se concretiza através de uma série de estratégias: escuta qualificada, grupos terapêuticos, visitas domiciliares, atendimentos individuais e encaminhamentos para a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). A formação dos profissionais para lidar com essas demandas é contínua e essencial, visto que a identificação precoce de sintomas mentais pode evitar agravamentos e internações futuras. Muitas vezes, uma escuta sensível e acolhedora dentro da própria UBS já é suficiente para aliviar o sofrimento de pessoas que, de outro modo, não buscariam ajuda especializada.
Além disso, a inserção da saúde mental nas práticas cotidianas das Unidades Básicas de Saúde reforça a ideia de que o cuidado emocional deve ser parte integrante da saúde geral do indivíduo. Essa integração permite que a atenção à saúde mental ocorra de forma menos estigmatizada e mais acessível, contribuindo para que os usuários sintam-se mais confortáveis ao procurar ajuda. Quando a saúde mental é abordada de maneira transversal, dentro da rotina da UBS, cria-se uma cultura de cuidado mais empática, acolhedora e eficaz.

Equipes multiprofissionais: a base do cuidado integral
A qualidade do atendimento em saúde mental nas Unidades Básicas de Saúde está diretamente relacionada à atuação das equipes multiprofissionais. Formadas por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, agentes comunitários de saúde e outros profissionais, essas equipes são responsáveis por oferecer uma abordagem completa e integrada. Cada profissional contribui com seu olhar e conhecimento específico, o que enriquece o processo de diagnóstico, acompanhamento e tratamento dos usuários em sofrimento psíquico.
Essa diversidade de saberes possibilita que o cuidado seja construído de maneira coletiva, respeitando as necessidades singulares de cada paciente. Um indivíduo com transtorno de ansiedade, por exemplo, pode receber orientações do médico sobre uso de medicação, participar de sessões de escuta com o psicólogo, receber apoio da assistente social para resolver questões habitacionais ou econômicas, e ser acompanhado por agentes comunitários que visitam seu domicílio periodicamente. Essa articulação evita que o paciente seja visto de forma fragmentada, promovendo um cuidado centrado na pessoa.
Outro aspecto relevante é o fortalecimento do vínculo entre os profissionais e a comunidade, o que favorece a continuidade do cuidado e a adesão ao tratamento. Quando bem estruturadas, as equipes das Unidades Básicas de Saúde tornam-se referência para os usuários, que se sentem mais seguros e acolhidos ao buscar ajuda. Essa relação de confiança é um dos pilares da efetividade da atenção em saúde mental na Atenção Primária, sendo um fator decisivo para a recuperação e autonomia dos pacientes.
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Prevenção e promoção da saúde mental nas UBS
As Unidades Básicas de Saúde têm um papel central na prevenção dos transtornos mentais e na promoção do bem-estar emocional da população. Por estarem inseridas diretamente nas comunidades, as UBS conseguem desenvolver ações que dialogam com as realidades locais, promovendo estratégias de cuidado que vão além do atendimento clínico. Atividades como rodas de conversa, oficinas terapêuticas, grupos de apoio e campanhas educativas são fundamentais para sensibilizar a população e estimular o autocuidado.
Essas práticas de promoção em saúde mental visam fortalecer os fatores protetores e reduzir os riscos à saúde emocional. Por exemplo, uma UBS localizada em uma região com altos índices de violência doméstica pode organizar grupos de mulheres para debater temas como autoestima, empoderamento e mecanismos de proteção legal. Da mesma forma, em áreas afetadas por desemprego ou desestruturação familiar, podem ser promovidos encontros sobre suporte emocional e gestão de estresse. Tudo isso contribui para uma abordagem mais humanizada e próxima das necessidades reais da população.
Além disso, ao envolver a comunidade nas ações de saúde mental, as Unidades Básicas de Saúde ajudam a combater o estigma que ainda existe em torno dos transtornos psíquicos. A naturalização do cuidado emocional dentro da UBS facilita a procura por ajuda e amplia o acesso ao tratamento, principalmente por parte das pessoas mais vulneráveis. Ao investir em prevenção e promoção, as UBS se consolidam como espaços de cuidado integral, onde a saúde mental é tratada com a mesma prioridade que qualquer outra condição de saúde.

A atuação das UBS junto aos CAPS e à Rede de Atenção Psicossocial
As Unidades Básicas de Saúde não atuam de forma isolada no cuidado em saúde mental. Elas fazem parte de uma rede articulada chamada Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que também inclui os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), ambulatórios especializados, hospitais gerais e serviços de emergência. A integração entre UBS e CAPS é fundamental para garantir um cuidado contínuo, resolutivo e coordenado, especialmente para os casos mais complexos de sofrimento psíquico.
Na prática, as UBS são responsáveis por identificar e acolher os primeiros sinais de transtornos mentais, realizando os encaminhamentos necessários para os CAPS. Estes, por sua vez, oferecem atendimento especializado e intensivo, especialmente para pessoas com transtornos severos e persistentes. Após esse atendimento mais técnico, os pacientes muitas vezes retornam para o acompanhamento nas UBS, onde continuarão sendo acompanhados por sua equipe de referência, em um processo chamado de “matriciamento”.
Esse fluxo entre UBS e CAPS garante que o cuidado não seja interrompido e que o paciente receba acompanhamento constante, de acordo com sua evolução clínica. Essa integração fortalece a lógica do cuidado em rede e assegura uma resposta mais eficiente e humanizada às necessidades da população. Ao atuarem em parceria com os demais pontos da RAPS, as Unidades Básicas de Saúde se tornam ainda mais estratégicas na construção de uma atenção psicossocial qualificada, descentralizada e acessível.
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Perspectivas futuras para a saúde mental nas Unidades Básicas de Saúde
O futuro das Unidades Básicas de Saúde no cuidado com a saúde mental passa pela ampliação de investimentos e pelo fortalecimento das políticas públicas voltadas à Atenção Primária. A incorporação de mais profissionais especializados, como psicólogos, terapeutas ocupacionais e psiquiatras de apoio, pode ampliar a capacidade das UBS de oferecer atendimentos mais qualificados. Além disso, é fundamental que os gestores públicos valorizem os trabalhadores da saúde, oferecendo melhores condições de trabalho, capacitações regulares e suporte emocional às próprias equipes.
Outro avanço importante é a adoção de tecnologias que facilitem o acompanhamento dos pacientes e a comunicação entre os diferentes pontos da rede. Ferramentas como a telepsicologia, os prontuários eletrônicos e as plataformas integradas de gestão de casos podem otimizar os processos dentro das UBS e melhorar a qualidade do cuidado ofertado. A tecnologia, aliada à humanização, será uma aliada essencial para garantir acesso e continuidade de tratamento em saúde mental para todos.
Por fim, é preciso destacar a importância da participação da comunidade na construção das estratégias de cuidado. As Unidades Básicas de Saúde devem continuar sendo espaços abertos ao diálogo, à escuta e à construção coletiva de soluções. Com uma atuação comprometida, integrada e fortalecida, as UBS têm o potencial de transformar o cuidado em saúde mental no Brasil, promovendo vidas mais saudáveis, dignas e acolhidas.

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