
Metodologias de Remuneração na Saúde: Modelos e Tendências
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Introdução às metodologias de remuneração na saúde
Existem diversas formas de remunerar os serviços de saúde, e cada metodologia tem impacto direto na qualidade e na acessibilidade dos atendimentos. A escolha do modelo ideal depende do contexto, das necessidades dos pacientes e da sustentabilidade econômica das instituições. Este tópico explora como surgiram as metodologias de remuneração na saúde e sua evolução ao longo dos anos.
A remuneração nos serviços de saúde está ligada a diferentes fatores, como custos operacionais, investimentos em tecnologia e qualidade dos profissionais. Assim, modelos tradicionais estão sendo revisados para atender às novas demandas. Além disso, a pandemia da COVID-19 acelerou as mudanças nesse setor, exigindo revisões urgentes.
Com a transformação digital e a crescente demanda por eficiência, novas formas de remuneração estão sendo exploradas para alinhar melhor os interesses dos pacientes, profissionais e instituições. Este cenário apresenta oportunidades, mas também desafios que precisam ser enfrentados por todos os envolvidos.
Remuneração por serviço (fee-for-service)
No modelo fee-for-service, os prestadores de serviço recebem pagamento por cada procedimento ou atendimento realizado. Esta metodologia é a mais tradicional e utilizada em várias partes do mundo, valorizando a quantidade de serviços prestados. Contudo, esse modelo é frequentemente criticado por incentivar a realização de procedimentos desnecessários.
Muitos especialistas argumentam que a remuneração por serviço pode levar a um foco excessivo em volume, ao invés de valor. Quando o objetivo é realizar o maior número possível de atendimentos, há um risco de que a qualidade dos cuidados seja comprometida. Isso pode resultar em custos mais altos e maior risco para os pacientes.
Para minimizar os impactos negativos desse modelo, algumas instituições tentam combinar o fee-for-service com outras metodologias. A ideia é equilibrar a produtividade com incentivos para melhores desfechos clínicos e a satisfação dos pacientes.
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Remuneração baseada em valor (value-based payment)
A remuneração baseada em valor visa a qualidade e os resultados dos serviços prestados, em vez do volume de atendimentos. Este modelo se baseia em indicadores de saúde e satisfação dos pacientes, incentivando práticas que promovam melhores resultados clínicos. Ele também busca reduzir custos ao evitar tratamentos desnecessários.
No entanto, a implementação de um modelo baseado em valor pode ser complexa e requer mudanças na cultura organizacional. Profissionais e gestores de saúde devem se adaptar a novos parâmetros de avaliação, que priorizam a eficiência e a qualidade do atendimento. Isso pode incluir mudanças nos processos de trabalho e na forma como as equipes colaboram.
Esse modelo já é adotado em diversos países como alternativa para aprimorar a sustentabilidade dos sistemas de saúde. Ele pode exigir investimentos em tecnologia e em sistemas de análise de dados para avaliar e monitorar os resultados, mas é promissor na redução de desperdícios e na melhoria dos cuidados.
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Pagamento por capitado (capitation payment)
O pagamento capitado é um modelo onde as instituições de saúde recebem um valor fixo por paciente, independentemente dos serviços realizados. Este modelo é comum em sistemas de saúde pública e tem como objetivo estimular a eficiência e a prevenção. Com esse modelo, o foco está no cuidado preventivo, ao invés de intervenções curativas.
Apesar de seu potencial para reduzir custos, o pagamento por capitado também traz desafios. Como o valor é fixo, existe o risco de subutilização de serviços e de uma menor qualidade nos cuidados, pois os prestadores podem evitar serviços mais caros. Para mitigar esses riscos, alguns sistemas combinam o capitado com métricas de qualidade e satisfação do paciente.
O pagamento capitado é eficaz para promover o cuidado preventivo e a continuidade no atendimento, mas precisa de uma boa estrutura de suporte e de monitoramento constante para garantir que os cuidados sejam adequados e satisfatórios para os pacientes.

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Bundled payments: pagamentos agrupados por episódio
O modelo de pagamentos agrupados foca em remuneração baseada em episódios de atendimento, como uma cirurgia ou tratamento específico. Nesse caso, o pagamento cobre todos os serviços relacionados a um episódio de cuidado, promovendo a coordenação entre as equipes e a eficiência.
Esse modelo incentiva as equipes a colaborarem e a evitarem procedimentos desnecessários, pois o pagamento é fixo e não depende do número de serviços realizados. No entanto, ele também apresenta desafios, como a necessidade de dividir de forma justa os recursos entre os diferentes prestadores envolvidos.
Os pagamentos agrupados são vantajosos para melhorar a eficiência e a coordenação do cuidado. Porém, para que funcionem bem, é fundamental ter uma gestão eficaz dos custos e uma comunicação clara entre todos os envolvidos.
Pay-for-performance: pagamento por desempenho
O pay-for-performance é um modelo de remuneração que se baseia no cumprimento de metas específicas de qualidade e eficiência. Profissionais e instituições de saúde recebem incentivos financeiros ao atingirem indicadores como a satisfação dos pacientes e a redução de reinternações.
Embora esse modelo seja eficaz para promover melhorias na qualidade dos cuidados, ele também pode gerar pressões adicionais sobre os profissionais de saúde. É necessário cuidado para evitar que o foco em métricas específicas acabe comprometendo o bem-estar dos pacientes ou dos profissionais.
Esse modelo é útil para alinhar os objetivos dos profissionais de saúde com os interesses dos pacientes. No entanto, ele depende de uma boa definição e medição das métricas para garantir que os incentivos realmente melhorem a qualidade dos cuidados.
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Dulce Delboni Tarpinian
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